domingo, 28 de setembro de 2008

Para além do livre-arbitrío e da dignidade

A Scientific American Brasil publicou em seu portal uma matéria intitulada Livre-arbitrío e programação cerebral, autoria de Shaul Nichols, a matéria debate a polêmica sobre a existência de um livre-arbitrío e os efeitos dessa existência ou ausência. A matéria apresenta um estudo onde haviam dois grupos, os participantes do grupo experimental eram expostos a um texto que informava que nao existe o livre-arbitrío, depois os participantes eram solicitados a ficar a frente de um computador que apresentaria problemas. Os participantes do grupo controle não liam nada antes da tarefa experimental. Era informado aos participantes que caso nao precionassem a barra de espaço as respostas aos problemas seriam apresentados. Observou-se que os participantes expostos ao texto que nega a existência do livre-arbitrío pressionaram menos a barra que os demais, o que para os pesquisadores revela que estes se comportaram de maneira a "burlar" os problemas. Deste estudo discorre-se que a crença no livre-arbitrío seria algo "benéfico" para a humanidade. Quem quiser ler o conteúdo é só clicar aqui.

Sei dos perigos de se interpretar os resultados de um estudo a luz de conceitos outros que não aqueles investigados pelos autores, mas podemos fazer esse exercício e quem sabe gerar novas questões de pesquisa. Assumido ao risco vamos tentar um diálogo com a matéria.
Mas o que este texto têm haver com AC ? Skinner (1977) publicou o livro Para além da liberdade e da dignidade. Ao contrário da discussão da matéria acima referida, o autor acredita que seria benéfico que as pessoas buscassem as verdadeira variáveis de controle do seu comportamento. Isso é parte para o auto-conhecimento. Ou seja, a questão é que no estudo os participantes recebem um texto que diz que seus comportamentos são controlados por um conglomerado de neurônios, ora, os particpantes ficaram praticamente em estado de desamparo. Talvêz um texto que informasse que eles poderiam controlar o ambiente e assim ter auto-controle tivesse outro efeito. Em suma, para mim é muito mais um estudo de regras do que qualquer outra coisa.

O negrito no praticamente que antecede ao desamparo é para destacar que não podemos afirmar que houve desamparo, essa é apenas uma tentativa de interpretação. A instrução quanto a tarefa era acurada e descrevia que a resolução dos problemas não dependia do comportamento dos participantes, é de se esperar que eles realmente não respondessem, já que a contingência permitia isso. Diferente dos procedimentos de desamparo a situação de "teste" não envolvia relação de contingência, mais do que isso a fase de desamparo foi uma instrução e não uma situação de incontrolabilidade. 

Mas com isso fiquei curioso, será que existem estudos que mostram efeitos de regras sobre o desamparo aprendido ? 

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